Você já se perguntou por que nós, seres humanos supostamente evoluídos, adoramos nos enfiar em caixinhas pré-fabricadas? Seja através do horóscopo, testes de personalidade ou auto-diagnósticos duvidosos, parece que estamos sempre buscando um rótulo para nos definir. Mas será que essas caixinhas realmente nos representam ou apenas limitam nosso potencial?

O Perigo dos Auto-Diagnósticos

Uma tendência preocupante é o auto-diagnóstico de condições mentais, como o TDAH. Muitas pessoas assistem a um vídeo de 30 segundos nas redes sociais e de repente se tornam “especialistas” em neurociência. O problema é que um diagnóstico real requer uma avaliação profissional completa, incluindo diversos testes neuropsicológicos.

Um estudo publicado em 2021 no Journal of Attention Disorders mostrou que o auto-diagnóstico de TDAH frequentemente leva a falsos positivos. Isso pode resultar em pessoas tomando medicações desnecessárias, o que pode ser extremamente perigoso.

A Ilusão da Originalidade

Ironicamente, ao tentar se diferenciar através dessas caixinhas, muitas pessoas acabam se tornando mais parecidas. Um estudo de 2017 demonstrou que quanto mais as pessoas tentam se expressar de forma única, mais semelhantes elas se tornam aos outros que estão tentando fazer o mesmo. Os pesquisadores chamaram isso de “efeito hipster”.

A Complexidade Humana

A verdade é que somos seres complexos, mutáveis e únicos. Não podemos ser definidos apenas por um signo, um tipo de personalidade ou um diagnóstico. Nossa mente é um universo em constante mudança.

Em uma semana, podemos estar tristes por terminar um relacionamento, na outra, eufóricos por ganhar na loteria, e na seguinte, confusos por não lembrar onde deixamos o controle da TV. Isso não nos torna depressivos, maníacos ou com TDAH – isso nos torna humanos.

Abraçando Nossa Complexidade

Em vez de buscar rótulos simplistas, devemos abraçar nossa complexidade. Somos uma mistura confusa de características contraditórias, moldadas por nossas experiências, criação e aprendizados ao longo da vida.

Na próxima vez que alguém tentar te enfiar em uma caixinha, ou você mesmo se sentir tentado a se auto-rotular, lembre-se: você é muito mais do que um rótulo. Você é um ser humano complexo, cheio de nuances e contradições. E é exatamente isso que te torna interessante e único.

Vamos fazer um pacto: ser menos caixinha e mais gente. Menos rótulo e mais conteúdo. Menos “eu sou assim” e mais “hoje estou assim, mas amanhã posso estar diferente”.

A vida é curta demais para cabermos em uma caixinha só. Então, seja uma caixinha surpresa – ou melhor ainda, seja um gato de Schrödinger: vivo e morto ao mesmo tempo, confundindo todo mundo e desafiando rótulos simplistas.

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