Olá, pessoal! Sabe o que está pegando? Eu preciso de um auxílio técnico, de fechar a janela que, peraí, minha vizinha começou a transar. Ela geme muito alto. Você conseguiu notar pitadas de inveja na minha voz? Pois é. De repente. Que bom! Ela está se divertindo. E a inveja vem, porque quem não gostaria de estar? Não com ela? Com certeza não. Mas quem não gostaria de estar transando agora? Então, de repente, você gostaria de estar transando com ela? Eu não. Mas enfim, de repente eu gostaria de estar transando com você. Com você talvez não, mas com a sua mãe. Oi! Olha, estou precisando da sua ajuda para desvendar um mistério que de repente nem é um mistério. De repente é só a minha falta de capacidade de interpretar as novas tecnologias, porque eu já sou um velho.

O chuveiro aqui do banho de casa começou a pingar. Ele começou a pingar quando eu não estou tomando banho, porque quando eu tomo banho ele entendeu. Só que esse pinga-pinga, além de gerar um gasto na madrugada, cada gota parece um tambor, que a porta do banheiro fica de frente para o meu quarto. Então eu escuto cada gotinha caindo a noite inteira. Tem que chamar alguém para consertar isso. Eu tentei consertar, fui no YouTube. Dê uma olhada lá nos vídeos. O cara falou “tem que trocar o miolinho lá”. Fui lá, comprei esse tal desse miolinho, troquei, ele ficou sem pingar por duas horas. A solução foi descer do meu pedestal de sabedoria e chamar uma outra pessoa, um outro cara, pra poder resolver isso. Mas um dia que chama um outro cara tipo bombeiro hidráulico, onde chamam o bombeiro hidráulico? Você já ouviu esse termo? Se conhece, tente e tem idade para saber o que é um bombeiro hidráulico.

Eu procurei no Google, apareceu lá um parecido, acho tipo agência ou coisa tipo esses negócio de marido de aluguel. Não tem esposa de aluguel não, tem sim, a gente sabe que tem. Mas às vezes. Mais o serviço de. É outro serviço. Enfim, entrei em contato com o cara, ele me passou o telefone de outro cara, chama Pedro ou Pedro. “Tudo bom? Rafael aqui, estou precisando de sua ajuda total. O negócio tá pingando.” Aí ele falou “pode ser amanhã ou não, pode ser na sexta”. Então, sexta-feira, fechado, beleza? Chegou a sexta hoje e aí eu esqueci. Eu simplesmente esqueci do cara porque a gente nem combinou nada. Que horas seria? Eu só falei “tem que ser pela manhã”. Deu mais ou menos umas nove, pouco mais ou menos. Tocou o interfone. “Ô Pedro, tudo bem? Aí o cara do chuveiro, o Pedro.” “Ele estou abrindo.” Ele abriu, subiu aqui, entrou no banheiro. Aí falou “mas não está espanado não sei o quê”. “Está total.”

Aí eu repousando isso aí, na hora me deu um estalo, mas eu não passei meu endereço para o Pedro. Eu não passei meu endereço para ninguém, inclusive esse negócio que é tipo uma agência de marido de aluguel, não tinha um cadastro, só tinha um número do WhatsApp. Eu não cadastrei nada em lugar algum, como ele sabia onde eu moro? E eu, mongoloide, abri e na hora eu fiquei. Foi um pânico porque, dado o tamanho do Pedro, eu sabia que na porrada eu me garantia. Só que eu fiquei meio “caralho”. Fui discretamente na cozinha, peguei uma faca, coloquei na cintura e voltei para o banheiro e fiquei olhando ele fazer o serviço. Ele terminou o serviço e eu ainda estava meio chocado com a situação. Aí ele me passou o número do Pix, paguei, ele foi embora e eu fiquei o. Oi, pessoal, o que aconteceu aqui, hein? O cara veio até minha casa sem ter o meu endereço. Eu deixei ele entrar porque eu nem desconfiei que aí vem a parte que eu preciso da ajuda.

Existe alguma forma de saber onde a pessoa mora? Pela voz dela eu estou te perguntando pelo telefone, depois a telefone dele começa com um nove, então ele com certeza ele mora naquele apartamento ali. Existe isso, tem isso na internet e a tecnologia? O chat de Betel, de Psique tem a lista telefônica. Antigamente tinha a lista telefônica, tinha o endereço das pessoas. Hoje não tem mais lista telefônica. Olha, não sei, não quero pensar o pior, porque duas coisas aconteceram. Esse rapaz, Pedro, ter vindo aqui em casa sem ter meu endereço e o chuveiro continua pingando. Ou seja, ou eu tive uma alucinação ou era um demônio varão. Eu vou te confessar que eu estou muito inclinado a achar que era um demônio. Por que Lúcifer, Satanás, que veio para esta terra para matar, roubar e destruir? Ele é muito astuto e ele se disfarça para enganar os bons, os de boa índole, os probos, que no caso sou eu. E considerando que a minha ex mora muito perto daqui e ela é ótima em fingir. Vai saber, né?

Ah, muito bem, muito bem. Hoje é algum dia do mês de março de 2025. Eu sou o Rafa e este é o Ufanismos Podcast e eu estou precisando de um jogo. Eu vou parar um minuto para refletir. Pronto, pensei em um aqui. Vê o que você acha. “Rafa Mismos Podcast: Um episódio novo toda vez que der certo.” Na verdade eu não inventei esse lugar. Agora ele é o slogan de um podcast antigo que eu tive. Bom, de qualquer forma, foi eu que inventei o meu jeito, foi eu que criei. Então eu vou requentar esse. Como? Porque então. Enfim, vamos nessa.

Este é o episódio de número dez, que no caso era o número da camisa que o Neymar usava no jogo contra a Alemanha, em que a nossa gloriosa seleção brasileira tomou de 7 a 1. Tá certo, eu ainda estou cagando para esse evento. Eu não tenho empatia alguma por futebol, me perdoe. E é com essa lembrança, com gostinho de soda cáustica e vodca Ross Koff que começamos esse belo episódio. Então, querido, eu tenho 42 anos, eu sou divorciado e eu tenho um filho. Essas são as características básicas que me fazem preferir relacionamento com mulheres que já têm filho. Não me pergunte, mas eu porque eu gosto de namorar e me sol. O cara menos treta tem umas paradas na rotina de quem tem filho, que é a pessoa que não tem filho não consegue entender ou ela não aceita fácil.

Tipo uns tantos anos atrás, 2000 e verão, eu comecei um relacionamento que envolvia penetração com uma jovem e ela não tinha filhos e eu já tinha filho. Na primeira vez que eu precisei desmarcar algum compromisso por conta das emergências lá do meu herdeiro e ela ficou de boa, ela entendeu que tinha rolado e vida que segue. Aí eu pensei “bom, tá tudo certo, ela entende, né?”. E aí, uns tantos dias depois, a gente marcou de ir passar o fim de semana hibernando lá em casa. Eu morava em outro lugar. A gente foi ao mercado comprar as coisas para comer, beber e para não precisar sair de casa bem na hora da compra, a mãe do meu herdeiro me liga desesperada, dizendo que ele caiu do pula-pula e bateu a cabeça no ferro da estrutura. Pensei comigo “bom, pelo menos agora ele vai andar de graça no ônibus”. Não tem como eu ficar de boa com a notícia dessa aí. Eu falei com a namorada e que eu ia precisar e ajudar com isso, meu filho. Nesse dia deu pra notar que ela ficou meio chateada. Ela mandou que ele vai lá meio desanimada, meio sei lá, meio meio putinha, putinha.

Bom, pra resumir, ela ficou meio estranha comigo nos dias seguintes. Daí quando eu fui questionar o que estava rolando, ela disse que entendia que eu queria estar sempre presente na vida do meu filho. Realmente é isso mesmo. Mas que pra ela tava ruim e eu entendi totalmente. Nem eu sei como é que é isso. Você, o filho, a gente ama nossos filhos e tal, mas não é por isso que ele deixa de ser um sequestro de vida. Você tem que dedicar algum tempo pra ele, que poderia estar sendo dedicado a você. Isso que estou falando. Não estou querendo dizer que me arrependo de ter filho, não tenho filhos. Parte de “não tenho filhos” é real, não tenho filhos. Mas eu não me arrependo nem nada. Isso é uma coisa real. Você tem que dedicar, porque os nossos filhos, quando eles são pequenos, diferentemente do resto da natureza, não sei se o resto todo, mas de algumas espécies de animais tipo a girafa, o menino, o menino, a criancinha da girafa. Quando cai da mãe ele já cai andando, andando de patins e fazendo malabares no semáforo. Os nossos filhos não ficam mongoloide. Fica um pedaço de bosta, um saco de polvilho com água até sei lá que idade. Então, enfim, me alonguei. Aí eu conversei numa boa, falei para ela que era melhor ela tomar no meio do cu. Mentira, eu entendi de verdade.

São responsabilidades sérias que não tem nada a ver com ela. Ela não tinha filho. A gente se separou. Aí depois disso, eu tive mais uma experiência parecida, que também terminou pelo fato da moça não estar disposta a lidar com os percalços da paternidade. E o que realmente eu entendo. Eu entendi novamente pra caralho. Entendi muito bem. Foi aí que eu criei o protocolo de só namorar e me sol. Você sabe que sou mãe solteira e tá aí um negócio que Deus criou com a mãozinha dele. Assim foi a mãe solteira. Quem é que não gosta de uma mãe solteira? Mulher com experiência? Você pensa numa moça que já entendeu que esse lance de ter filho é coisa de jovem burro. Então não vai ficar enchendo o saco querendo ter filho. Ela já tem um ou dois ou vários. Ela já sabe também como agradar o homem. Ela tem as manhas. Eu já aprendi muita coisa, tem umas que até recebem um benefício do governo. Que porra, isso é bom pra caralho. Já pensou? Você está com a mãe solteira, de repente fala “amor, sai o benefício! Vão comer uma pizza?” Olha só que bom!

Na vila é a mãe solteira. Tem uma outra característica muito importante que elas gostam muito de fazer coisas pela. Enfim, é só vantagem. Então, seguindo essa minha premissa para buscar novos relacionamentos, eu comecei a pegar alguns currículos. A vaga ficou com uma moça de trança. Eu vou chamá-la de Patrícia. Não consegui pensar em outro nome, mas o nome dela não é Patrícia. E ela tinha uma filha que já era grande, que eu vou chamar de Jéssica. O nome da filha era Jéssica. Era uma menina grande. Já, já tinha. Acho que ela tinha 22 anos. Isso. Ela tinha 22 anos. A moça assinou a carteira cedo. Pois bem, estávamos namorando e a coisa estava indo muito bem e eu tinha uma boa relação com a filha dela, a menina sangue bom. E aqui vai a dica: se você quer dar uma martelada numa emissora, não precisa de romantismo, não precisa ler o lugar caro da presente, nada disso. Se você ganhar os herdeiros, ela já é sua. Foi isso que eu fiz. A mãe dela então certeza que se eu desse um mole um pouquinho mais elaborado, eu dava uma martelada. Naquela vez ela estava fora do meu range de idade para namoro, passou de 60, não pego mais, enfim.

Bom, os meses foram se passando, completamos um ano de namoro e a gente pensou em comemorar fazendo uma viagem, coisa rápida aqui perto mesmo. Enfim, sabe, é tipo de Goiás. Ficamos nessa de combinar um bate-volta, coisa rápida, tipo três dias no resort. Sim, era dezembro e dezembro e tudo muito caro e tal, e ficamos conversando sobre isso. E aí, por ser dezembro, tinha alguém fazendo aniversário, que no caso era a herdeira dela, dona Jéssica. Ela estava fazendo 23 anos e quando a mãe dela perguntou o que ela queria ganhar de presente, ela topou que iria viajar. E aí a Patrícia foi falar comigo, perguntou “cara, se quer vir junto com a gente ou a gente faz uma viagem só nós dois”. Aí na hora eu recusei que eu falei assim “cara, não me cabe, né? Porque é um momento de família e eu era melhor que vocês duas fossem curtir sozinha”. Até a hora que ela chamou a menina e perguntou se gostaria que eu fosse, a resposta dela foi na hora, falou “oxe, eu achei que já estava certo que ele ia”. “Você vai sim.” “Tá bom, então tá.” Como eu falei, tinham relação boa.

A gente foi como era lugar perto, nós fomos de carro e aí eu dirigi aqui pensando “porra, viagem em dezembro, lá se vai meu 13.º”. Eu tinha planejado usar o dinheiro para comprar um PlayStation, tinha acabado de lançar o PS4 na época, mais enfim estavam vambora a gente e a porra de um de um escravo. Seta se a mulher manda a gente faz, então não tem como. Fomos de carro e como eu falei, foi legal. A viagem foi legal, a gente ficou lá cantando, contando piada. Fizemos um campeonato de arroto, eu ia e a menina, quando a gente chegou no hotel, já tava todo mundo morto de fome da viagem, todo mundo doido pra cair na piscina. Mas enfim, respeitando aquele prazo legal entre a comida e o banho estabelecido por nossos avós. E claro, foi dando fim de engatar e eu já estava muito cansada. Dirigi muito. Eu não troco de direção, principalmente com mulher. Hoje eu tô brincando.

Enfim, mas eu dirigi o tempo todo. Então assim estava muito, muito cansado, nem descansei. Já fui pra piscina com as meninas e bem na hora que a gente entrou na água, começou aquela. Sabe aquelas dança dentro da piscina, véi, sabe como é que é hidro? Eu não sei como é que é o nome daquele negócio. Tem hidro, né? Porque tem água, hidro, hidroginástica, hidroginástica, hidro, dança, sei lá. Como é que eu não disse? Foi até divertido. Tinha uma vela lá que na hora que o professor falava para ela ir para frente e vir pra trás, ela tinha uma bunda gigantesca, ela me dava uma bundada, ela ri e “desculpa aí”, achei engraçado, te vai falar. Enfim, tô brincando. Teve 1h que eu estava distraída olhando pro bar para ver se ainda estava servindo a umas caipirinhas e eu senti alguém apertando o meu pau e apertou. Mesmo com certa violência, eu achei que tinha sido a Patrícia, mas aí na hora que eu olhei um pouquinho pro lado, ela tava na minha frente assim, mais pra frente, cara, foi dona Lurdes. Essa V da bundona chamava Lurdes. Eu acho que era Lurdes que esse é o nome de velho né? Ou era Lurdes, era Tereza. Olha só essa piranha zinha anciã. Tá bom.

Como eu tava muito exausto, tava cansado pra caralho, solzão e tal. Aí eu falei com as meninas “eu vou subir um pouquinho pro quarto, tirar um cochilo e tal”, porque quando a gente chegou, o pessoal avisou que naquela noite ia ter um evento de dança lá na noite forró e eu queria participar. E elas quiseram. As duas quiseram ficar lá de boa, tranquilo. Eu cheguei no apartamento e fiz lá um pão com queijo rapidão. Beleza, tá bom, vou, vou. Vou tomar um banho antes. Banheiro de hotel bem até foda, né cara? Aquela água forte, os furinhos do chuveiro todo entupido é o melhor que você pode tomar. 20 minutos de banho pelando sem preocupar com conta de luz, nem com água, aquela água fervendo e tal. Eu terminei o banho de lava fervente e quando eu abri o box um pouquinho, senti o vento frio. Eu “puta, esqueci a porta aberta, né cara?”. Ah, bom, vou esperar um pouco. Eu não estava com a toalha. Vou esperar um pouquinho, o corpo esfriar cinco minutinhos, que é para não correr o risco de ficar todo torto. Ele me atende e quer derrubar.

Eu ouvi barulho de chinelo da namorada. Aí eu gritei “O amor! Esqueci de pegar a toalha perto. Falei pra mim por favor, eu estou aqui, ok?”. Aí quando eu vi que ela foi abrir na porta, eu já saí do box fazendo um pirocão Opteron. E aí eu escuto “Mas o que é isso?”. Aí eu saquei, ele gritou “É Jéssica!”. Mano, eu saí fazendo um pirocão e a filha da mulher viu o cara, mas viu assim, com nitidez 4k. E agora ela tinha na mente dela o registro presencial de uma imagem muito nítida de alguém, de uma pessoa, de um membro que certamente eu não gostaria que ela tivesse visto. Quem, por uma grande desgraça. Eu fiquei um tempão no banheiro esperando a coragem vir para eu falar com a moça, pedir desculpa, sei lá, despir você.

Um homem adulto sai do banheiro, cabeça baixa, envergonhado, cabisbaixo. Quando eu enchi o pulmão pra falar com a menina, ela me interrompeu. “Minha mãe não precisa saber disso que aconteceu. E eu acho melhor mesmo, combinou. Se você não falar, eu não falo, tá bom?” Mesmo assim, eu queria te pedir desculpa. Eu achei que fosse ela chegando aí. Ela “Não, não precisa pedir desculpa. Eu até que eu achei engraçado.” Puta que pariu, eu com a cara ardendo de vergonha. “Não, não, não foi engraçado. Não era para você ter visto isso.” E aí a porra da pirralha fala “Eu vou te falar, viu? Minha mãe tem muita sorte de estar com um cara engraçado como você.” Caracas, eu quero que você revise isso que está acontecendo aqui.

Eu acabei de mostrar a minha rola para a filha da minha namorada. Rolou aquele embaraço cavernoso e ela tranquilamente deu uma solução para a questão. E aí, em meio ao meu pedido de desculpas, dona Jéssica, filha da minha namorada, que acabou de ver meu pau, me fez um elogio sem entender o que aconteceu aqui. Você está entendendo a gravidade disso? Naquele momento só existia uma coisa certa que eu poderia fazer, que era pulado do aparte, que era encerrar o assunto e sair dali. E foi o que eu fiz. Foi o que eu fiz. Me responde? Não? Pois é, não foi. E aí eu, na minha pegada Simba, eu ri na cara do perigo, fui fazer mais graça. Aí eu falei “Pois pelo menos a graça salva”. Risos, risos, risos. E aí ela comenta “Então, pelo que eu vi, não é só a graça que está salvando não hein? Kkkkkk o cara é que pode rachar”. Foi só eu que notei que ela fez um elogio pro meu pau? Ou eu estou viajando por dentro?

A minha vontade era pular do prédio sexto andar para acabar com essa situação e eu não precisar lidar com isso. E por mais dentro ainda lá onde habita o demônio que molda o meu caráter, a minha vontade era dar ali na pipa pra ver até onde esse negócio ia parar, sabe? Como diria Pica-Pau, eu sou o diabo libertário. Felizmente a minha parte racional, ela costuma falar mais alto em alguns momentos e nesse momento ela se manifestou. Eu avisei a moça que eu ia voltar para a piscina, falou “Então, Jéssica, estou voltando pra piscina” e na mesma ela falou “Peraí que eu vou descer também ou porra, estou querendo”. “Ai tá bom.” Aí eu esperei ela na porta, eu troquei de roupa rapidão e fui pro elevador. Aquele silêncio do sexto andar até o térreo, uma eternidade. Dava para assistir O Senhor dos Anéis de novo. Estou em completo assim com extra e a porra toda. O silêncio constrangedor que eu conseguia escutar, o barulho do meu suor saindo da minha testa, da minha calvície.

Aí a gente chegou ao térreo e a porta abriu. Quem estava lá? Pois é, Patrícia, com a cara de quem sentiu o cheiro da treta, ela me deu um beijo de olho aberto. Cara de julho aberto. Tem alguma coisa errada. Ela me beijou de olho aberto, me deu uma olhada. Depois olhou para Jéssica de cima a baixo. Eu juro que o meu cu trancou de uma forma que nem uma britadeira quântica ia dar conta de abrir meu cu. E aí ela perguntou “E o que vocês estavam fazendo?”. Eu já todo suado, falado “Não, nada feito”. Aí a Jéssica completou “Eu estava quente aqui embaixo, eu subi um pouquinho e enfim”. Aí a Patrícia me olhou e fez aquele “Hum, hum”. Eu senti um calafrio. Recordei daquela cena que você não viu, do capote de um grito forte dos holofotes, um vacilo seu já era. Resulta em morte.

O fim de semana seguiu, mas ficou aquele climão, um clima esquisito. Na volta pra casa, eu pensando no meu PlayStation 4 que eu não comprei, a Patrícia quieta no banco do passageiro e a Jéssica atrás cantarolando como se nada tivesse acontecido. O cara é jovem e maluco. Só que o pior, ou melhor, dependendo do ponto de vista, veio depois. A Patrícia me chamou pra conversar, falou “O Rafa. A Jéssica tá estranho desde o dia da viagem, sabendo de algo, aconteceu uma coisa que de repente ela te pediu para não me contar”. Cara deu uma gelada, já não tá aí eu neguei, eu falei “Não, não é coisa de idade. Esses jovens, esses jovem”. “Claro, tudo bem”, ela aceitou. Mas eu sabia que o pirocão hetero ainda estava dançando na cabeça da filha dela.

Aí, numa noite, uns dias para frente, eu recebi uma mensagem da Jéssica falando que sentiu minha. Ela me chamava de tio. É foda né cara? A menina de 22 a 23 fez aniversário lá. A minha de 23 anos me chama de tio, porra, tem 42 anos e tio o cara. Ela me manda mensagem “Tio, a minha mãe comentou uma parada aqui sobre pedido de casamento. Não sei, acho que ela está planejando alguma coisa. Eu estou te avisando para você não levar um susto”. Puta merda, casamento velho. A Patrícia querendo casar comigo? Que meu Deus, o que aconteceu? No dia seguinte a Patrícia me chamou pra jantar. Toda fofinha, toda em meu eu pirocudo. Essa parte “pirocudo” não falou nada e aí tá a beleza.

Fui na hora do jantar ela falava “Eu quero te pedir uma coisa”. Aí eu já comecei a suar, eu tentando imaginar qual foi o motivo que eu dei para essa maluca querer casar comigo. Por? Por quê? Por que? Pensando eu comigo mesmo, eu consigo próprio. Na verdade, eu sei o motivo. Se eu estou sendo modesto, existem pouquíssimos caras como eu ainda vivos andando por aí. Eu sou uma espécie em extinção. Tá beleza, ela continuou. “Então, Rafa, eu quero adotar um cachorro ou filha da porra de cachorro.” Ela é porque a Jéssica está apaixonada por um vira-lata que a gente viu aí e tal. Porra! Dei uma risada meio aliviada. “Sim, eu. Porra, Patrícia, eu achei que tu ia me pedir em casamento, cara.”

Aí ela olhou para a minha cara. “Espantava o casamento doido. Cara, eu gosto muito de você, mas eu prefiro um cachorro, porque pelo menos ele não sai por aí fazendo pirocão hetero na frente da minha filha hetero na frente da minha família, na frente da minha filha, na frente da minha filha, na frente da minha filha, na frente da minha filha.” O meu cu caiu da minha bunda, eu tive que catar no chão e dar uma cuspida pra colar de volta a filha da puta da menina contou o velho. Eu virei o tio hetero, elas começaram a me chamar de tio copta. Enfim. “Ai, tá, não tem o que fazer, né?” Tá aí o cachorro. Elas adotaram o cachorro. Acho que eu tava bonitinho e tal. Só que elas iam colocar a porra do nome do cachorro de “Piroca” dizendo elas em minha homenagem. E aí foi. Foi uma batalha pra eu convencer de não usar esse nome escroto.

Enfim, foi um dos piores constrangimentos da nossa. Bom, infelizmente depois dessa viagem a gente começou a ter umas tretas lá. Besteira que não teve nada a ver com a coisa de ter mostrado e aí a gente decidiu não ficar mais juntos. A gente terminou e não, ninguém traiu ninguém, porque afinal de contas, eu sou uma espécime de divindade encarnada num eco do esqueleto adiposo único. Assim, eu falo de traição. Eu falo por mim e ninguém trai ninguém, falo por mim. A minha parte eu não sei e eu prefiro não ficar sabendo também. Outro amor se acabou e acabou, eu lembrei dessa história um dia que eu estava tomando banho e tava aqui em casa. Na hora que eu fui saí do box ou como eu vou chamar, a minha bigorna bateu assim, bateu a cabeça no box e deu uma sacudida. Tipo.

Na hora essa história veio na minha cabeça. Eu vou escrever isso aqui para não esquecer. “Ai Patrícia, nossa, bem legal! Certeza que se um dia não vai ouvir, não tem como, mas pela história ela vai saber que foi ela. A idade da filha está igual o nome, não?” Enfim, vamos preservar a imagem das nossas fêmeas, não é mesmo? Então é isso galera, namorem mães solteiras, mas cuidado com as filhas.

Bom, se você chegou até aqui, muito obrigado. Se você gostou desse episódio, compartilha, manda o link para um amigo seu, para uma amiga, para alguém que queira rir. Você riu. Se você não riu, não fala nada, porque eu prefiro manter a ilusão de que foi bom. Se você tiver ouvindo no YouTube, se inscreve aí, tem um canal no YouTube, deixe um like. Essa coisa toda tipo youtuber, tipo Felipe Neto. Se você estiver no Spotify ou em outra plataforma de áudio, veja se você acha. É um lugar que tem umas estrelinhas para você avaliar o podcast. Eu estou fazendo um pique de 14,90 para todo mundo que avaliar com cinco estrelas, mas isso é uma mentira. Às vezes eu minto. Por hoje é só.

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